O que foi a Revolta da Vacina: principais causas

Entenda o que foi a Revolta da Vacina e como isso pode ser abordados nas questões dos vestibulares.

A Revolta da vacina, de 1904, é um momento interessante da primeira república e representa o crescimento das tensões sociais com as mudanças políticas impostas pelo novo regime. Por isso, é um assunto bastante recorrente nas provas de Humanas no Enem e outros vestibulares.

Para compreender de fato esse momento da história da cidade do Rio de Janeiro, é necessário perceber todos os elementos que culminaram na revolta popular: o contexto histórico do Brasil e da cidade, o projeto político o imaginário popular.

Contexto Histórico da Revolta da Vacina

Revolta da vacina
Charge da revista O Malho, de 29 de outubro de 1904 – Acervo FioCruz

A Belle Époque como referência

O início do século 20 foi marcado por um forte apelo eurocêntrico. A Europa exportava o seu estilo de vida e firmava a sua soberania em relação as suas ex-colônias.

O surgimento da república trouxe ao país a necessidade de inserir no Brasil ‘’grande conserto das nações’’, a partir da assimilação de ideais progressistas e laicos, os republicanos estavam convictos da necessidade de se espelhar na Europa como representação ‘’moderna e progressista’’.

Consequentemente, ideais motivadores da época começavam a serem transformados em projetos políticos. O que não estava compreendido no imaginário europeu era considerado como algo bárbaro e precisava ser apagado da memória nacional.

Rio de Janeiro, o ‘’túmulo dos estrangeiros’’.

Apesar da ambição por aproximar a nova república do ideal europeu, os republicanos percebiam que a necessidade de alterar a estrutura e a estética da capital do país.

O saneamento precário permitia que a cidade virasse foco de diversas doenças como a febre amarela, varíola e a tuberculose. Enquanto, as ruas estreitas pouco cuidadas rodeadas por casebres e cortiços causavam uma estética pouco convidativa.

A situação era considerada como calamitosa pelas autoridades internacionais, o cônsul austríaco Ludwig Ferdinand Schmid descrevia o Rio de Janeiro como um ‘’túmulo dos estrangeiros’’, devido às péssimas condições sanitárias.

A constante propaganda negativa junto com a necessidade de atrair a mão de obra europeia especializada, fez com que se tornasse cada vez mais necessário impor medidas políticas baseadas nos padrões europeus de cultura e urbanidade.

Imaginário popular: Medo e desconfiança

A república foi proclamada com pouca participação popular e a sua desenvoltura durante a primeira república foi marcada por acordos e rupturas entre as elites econômicas.

Dessa forma, a sociedade não teve voz para decidir a imagem dessa república. Muitos cidadãos não estavam plenamente informados ou de acordo com os novos valores civilizatórios, na realidade os valores religiosos e tradicionais eram muito melhor recebidos e praticados.

Projeto Político

Projeto de Rodrigues Alves

O presidente Rodrigues Alves possuía um programa de governo baseado em dois pontos: modernizar o porto e reestruturar o distrito federal. Como forma de conseguir desenvolver o projeto, Alves nomeou dois assistentes: o engenheiro Francisco Pereira Passos, como prefeito, e o médico sanitarista Oswaldo Cruz.

Reforma Pereira Passos

Para isso era necessário remodelar a cidade a partir da arquitetura europeia, caracterizada, por exemplo, pelas grandes avenidas. Portanto, era necessário derrubar casarões e cortiços para alargar as ruas e substituí-los.

Essa ação foi mal recebida pela população que apelidou a reforma o de ‘’bota-abaixo’’. A urbanização proporcionou uma lógica de exclusão cruel para as camadas da sociedade com menor poder aquisitivo, o centro deixava de ser um espaço possível de viver com baixo custo.

O projeto sanitário de Oswaldo Cruz

O descaso com a saúde na capital era resultado da ausência de saneamento e de agentes. Apesar da vacinação já ser obrigatória no país desde 1837 ela não era seguida porque a produção ainda era incipiente.

Várias doenças atacavam a população do Rio de Janeiro. O sanitarista desenvolveu esquadrões de agentes responsáveis por percorrer ruas da cidade com o propósito de espalhar raticida e recolher o lixo para evitar a proliferação da peste bubônica e criaram as ‘’brigadas mata-mosquitos’’ para eliminar a febre-amarela.

O estopim da Revolta

A intervenção urbanística e sanitária provocou o descontentamento e muitos setores políticos como os positivistas inflamavam os sentimentos oposicionistas por meio da publicação de seus artigos em grandes veículos jornalísticos. Os jacobinos e florianistas, financiados pelos monarquistas, também provocavam a indignação popular questionando o real interesse da república.

A situação se agravou quando no dia 9 de novembro de 1904 o governo divulgou seu plano de regulamentação da aplicação da vacina obrigatória contra a varíola. A desinformação e a desconfiança resultaram em pessoas iradas nas ruas.

A revolta criou um cenário de guerra na cidade prejudicando os planos de modelação de uma estética urbana harmoniosa. No final, os revoltosos foram sufocados e o plano foi revogado, porém permaneceu obrigatório o atestado de vacinação para trabalho, viagem, casamento entre outros.

A revolta dos desvalidos

A revolta da vacina foi questionada por muitos historiadores pelo seu desfecho brutal, porque a população não foi informada ou porque ela foi tão reprimida?

A conclusão foi que a revolta da vacina é uma representação da característica autoritária da primeira república brasileira e de suas profundas contradições entre seu projeto nacional e o grande contingente populacional pobre.

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