O Período Colonial foi marcado pela eclosão de inúmeras revoltas nativistas como a Guerra dos Emboabas e as separatistas como a Inconfidência Mineira e a Conjuração Baiana.
A Conjuração Baiana ou a Revolta dos Alfaiates ocorreu no século 18 exatamente no ano de 1798 na Capitania da Bahia, diferente da Inconfidência Mineira na qual foi marcada pelo protagonismo de setores médios e altos de Minas Gerais a Conjuração Baiana possui uma raiz popular.
Características
- Abolição da Escravidão
- Sociedade igualitária nos moldes dos preceitos iluministas
- Movimento popular
- Proposta de uma República
- Independência da Bahia
- Aumento dos soldos para as tropas militares
Contexto Histórico
A transferência da capital para o Rio de Janeiro em 1763 fez com que Salvador, a antiga capital, sofresse com o esvaziamento econômico e político, houve uma considerável redução dos recursos para a manutenção dos empreendimentos na cidade e o aumento considerável dos impostos.
Mais da metade da sociedade baiana era composta por negros libertos, escravos, mestiços e brancos pobres que exerciam atividades profissionais tais como a alfaiataria, soldados de baixas patentes, artesãos, carregadores, pescadores e assim por diante.
Os alfaiates foi a principal classe social que aderiu a Conjuração Baiana, por isso ela também ficou conhecida como a Revolta dos Alfaiates.
A desigualdade social e econômica que ocorreu em salvador era notória, havia um contraste muito grande entre os portugueses responsáveis pela administração da colônia e as classes mais pobres responsáveis por sustentá-la.
Quando os interesses da Coroa viraram-se para a exploração de metais preciosos, dando fim ao ciclo do açúcar e iniciando o ciclo do Ouro em Minas Gerais, a população de baixa renda sofreu com as consequência da negligência do Império Português.
Ideais da Conjuração Baiana
O contexto mundial também favoreceu para a culminação de revoltas de caráter igualitário, a Revolução Francesa em 1789 e a Independência Americana em 1783 fizeram-se reverberar pelo continente americano e em pouco tempo diversos grupos insatisfeitos com o sistema colonial começaram a agir.
Ademais, outro fato importante para compreender a conjuração baiana foi a Revolução Haitiana, levante armado de negros escravizados liderados por Toussaint Louverture contra os colonizadores franceses que durou de 1791 a 1804.
Portanto, é possível notar que esse tempo histórico estava marcado por diversas inquietações políticas de cunho social voltadas para a abolição de diversos pilares para a manutenção do regime colonial: A hierarquia entre colônia e metrópole, a escravidão e o latifúndio.
A conjuração baiana não seria diferente disso, seus idealistas inspirados por ideais republicanos iluministas desejavam uma sociedade igualitária e livre pautada na liberdade de comércio com outros países.
Os Pasquins, o motim e a delação
Para garantir a adesão popular, as lideranças da Conjuração Baiana escreviam panfletos com o propósito de incitar o público. Esses folhetos costumavam ser fixados em locais públicos da cidade, como nas portas das igrejas.
No dia 25 de agosto foi conclamado um motim no Campo do Dique em agosto do mesmo ano, entretanto a reação do governo foi rápida e brutal justamente por este ter sido alertado a priori por meio de uma relação feita por Carlos Baltasar da Silveira para o governador da Bahia,
A organização foi descoberta e a conjuração foi dispersa ainda na fase inicial, a Coroa Portuguesa aplicou diversas penalidades para seus participantes como açoites e exílios e foi ainda mais severa com seus líderes Manuel Faustino dos Santos Lira e João de Deus do Nascimento, Luís Gonzaga das Virgens e Lucas Dantas: executados, decapitados e suas cabeças expostas na Praça da Piedade.
Penalidade e Origem Social
A desproporcionalidade das penas em comparação com outras revoltas como o da inconfidência mineira despertou a curiosidade e a reflexão a respeito de como as penas eram aplicadas em relação a classe social dos revoltosos.
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