Zygmunt Bauman nasceu na polônia no ano de 1925, e com o início da Segunda Guerra Mundial, fugiu com seus pais, judeus não praticantes, para a antiga União Soviética com o objetivo de escapar do nazismo em sua terra natal.
Após a guerra e a condecoração com uma honra militar pela valorosa atuação como instrutor político na divisão polonesa do Exército Vermelho, Bauman voltou para Varsóvia a fim de estudar filosofia e sociologia. No entanto, foi afastado da universidade devido à leitura de textos e livros considerados subversivos e, portanto, censurados.
Foi, então, para a Inglaterra, onde lecionou na Universidade de Leeds e foi consagrado, recebendo diversas honrarias, como, por exemplo, o prêmio Adorno, por toda a sua obra, e o prêmio Amalfi, por sua obra Modernidade e Holocausto.
Zygmunt Bauman morreu em janeiro de 2017, aos 91 anos, na Inglaterra, onde passou a maior parte de sua vida.
Neste artigo, apresentaremos a vida e a obra deste autor, que se destaca pela atemporalidade de seus escritos e daremos exemplos de algumas de suas publicações que podem ser utilizadas como citação na redação do Enem. Confira!
A filosofia de Bauman
Bauman baseou a maior parte de sua obra no conceito de “modernidade líquida”, com referência à fluidez, para tratar da formação das relações sociais e interpessoais na pós-modernidade, e em contraposição à ideia de modernidade “sólida” que, após a queda do Muro de Berlim, em 1989, demonstrou estar, gradativamente, se desintegrando.
Esta anterior, que teve seu auge entre os séculos XIX e XX, tinha como premissa a ideia de que o homem teria a capacidade de dar à humanidade um novo futuro e moldar o seu próprio, em um modelo de sociedade fundamentado em instituições como a família e o Estado. No entanto, segundo o sociólogo, este modelo de sociedade estava fadado ao fracasso e, pouco a pouco, inevitavelmente, seria substituído pelo que ele chamou de modernidade líquida.
A modernidade líquida, assim como matérias que se encontram neste estado, é marcada pela incerteza, pela ausência de forma definida e pela inconstância. Desta forma, sem ter certezas a respeito do futuro, o indivíduo pertencente ao pós-modernismo, tem sua vida focada no agora e em suas próprias vidas, sem buscar o auxílio de outras instituições para decidir ou se planejar. Conceitos como produtividade, conteúdo e experiência são substituídos, na pós-modernidade, por outros como especulação, performance e flexibilidade.
Na teoria que Zygmunt Bauman propõe, de modernidade líquida, tudo é efêmero, se esvai rapidamente com o tempo. O indivíduo é extremamente focado na novidade, perdendo o interesse em tudo o que não representa o novo, e isso, segundo a visão do autor, diz respeito a todas as esferas da vida, desde emprego, consumo e até mesmo relações românticas.
As principais obras de Zygmunt Bauman
Entre os anos de 1957 e 2017, Bauman escreveu mais de 50 livros e, destes, 30 foram publicados no Brasil. Entre suas principais obras, podemos mencionar as seguintes:
- Modernidade e Holocausto (1989);
- O Mal-Estar da Pós-Modernidade (1997);
- Globalização: As Consequências Humanas (1998);
- Modernidade Líquida (2000);
- Capitalismo Parasitário (2010);
- 44 Cartas do Mundo Líquido Moderno (2011);
- Cegueira Moral (2014);
- Babel (2016);
- Estranhos à Nossa Porta (2017)
Como usar Zygmunt Bauman na redação do Enem?
As temáticas abordadas em toda a obra de Zygmunt Bauman são cada vez mais atuais. O autor escreveu livros a respeito da liquidez da modernidade e de todos os tipos de relações presentes na sociedade até as vésperas de sua morte. Mesmo com muita idade, o filósofo manteve-se atento às transformações e mudanças na sociedade e a todos os impactos da sociedade capitalista na vida pós-moderna, sobretudo no que dizia respeito aos grupos minoritários, como os refugiados.
Desta forma, diversas prováveis propostas de Redação do Enem têm o potencial para abarcar temas sobre os quais o sociólogo polonês escreveu em toda a sua carreira. A questão dos refugiados é um deles.
Estranhos à Nossa Porta
No livro “Estranhos à Nossa Porta”, publicado no ano de 2016 pela Editora Zahar, o autor trata da problemática da grande quantidade de indivíduos vindos de países que vivem situações graves de conflitos, guerras e escassez de elementos básicos para sobrevivência para outros continentes, sobretudo a Europa.
O livro trata dos processos de recepção desses imigrantes nos outros países, que, muitas vezes, chega a ser hostil e desumano. O autor se utiliza do termo “crise humanitária” para substituir “crise migratória” e fala sobre a importância de construir pontes ao invés de muros.
Cegueira Moral
Neste livro, composto por diálogos com o membro do Parlamento Europeu, Leonidas Donskis, o Zygmunt Bauman trata da mesma forma da questão da falta de empatia em relação ao sofrimento do outro e da tentativa, seja do Estado, de empresas privadas ou de indivíduos mais abastados, de controlar a vida e a privacidade alheia.
Tempos Líquidos
Esta obra de Bauman aborda a grande insegurança em que vivem as pessoas em todo o mundo diante de questões como o desemprego, o terrorismo, as guerras e demais incertezas fluidas, capazes de tirar qualquer indivíduo do solo firme que lhes poderia trazer alguma segurança.
São questões que estão intimamente relacionadas aos processos políticos, sociais e econômicos que o mundo inteiro enfrenta e tem enfrentado cada vez mais nos últimos anos, com tantas crises e mudanças em todos os cenários.
A obra de Zygmunt Bauman é atemporal. Ou seja, independente da época em que seus livros forma escritos, ainda hoje têm muito valor e seus textos continuam a trazer grandes e fortes ensinamentos sobre o presente e o futuro da humanidade no que se relaciona às relações interpessoais, sejam elas profissionais, sociais ou amorosas.
Além disso, seus escritos dizem respeito à relação do ser humano com o sistema capitalista vigente nos países com maior influência nas relações geopolíticas do mundo e como este afeta, para muito além das sociedades como um todo, a existência de grupos minoritários e a vida pessoal de cada indivíduo.
O conteúdo escrito pelo sociólogo tem muito a acrescentar para quem está estudando para o Enem e diversos dos conceitos abordados em sua obra podem, perfeitamente, ser citados na redação do exame, que valoriza muito a fundamentação do texto em publicações relevantes.
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