Além da gramática e da Literatura, a prova de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, aplicada no primeiro dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), conta também com questões relacionadas aos aspectos históricos e culturais da Língua Portuguesa, tais como as variações linguísticas.
É muito comum se deparar com questões sobre variações linguísticas no Enem que têm como intenção avaliar a capacidade de interpretação de texto dos estudantes levando em conta os aspectos culturais e sociais da Língua Portuguesa em diversas regiões do país e camadas da sociedade.
As variações linguísticas são uma característica comum da língua falada no Brasil em cada região e elas dizem muito a respeito da nossa formação cultural, histórica e social como país. Neste artigo, falaremos mais sobre este tema e apresentaremos algumas questões a respeito do assunto em edições passadas do Enem, a fim de que você coloque seus conhecimentos em prática!
O que são variações linguísticas?
Variação linguística é um fenômeno que acontece com determinado idioma de forma natural e gradual ao longo da história de um local em que este é falado e se manifesta na maneira como os falantes desta língua a utilizam de acordo com o contexto em que está inserido.
No Brasil vemos isso claramente em diversos exemplos. Por ser muito vasto e plural, o país é rico em sotaques e regionalismos, em formas de pronunciar determinadas palavras e em nomes que são dados a um mesmo objeto.
Existem quatro tipos de variações linguísticas:
- Variações geográficas ou diatópicas: dizem respeito aos termos que diferem a cada região do país, também conhecidos como regionalismos;
- Variações históricas: as palavras que mudaram a forma de escrita ou pronúncia conforme a língua foi evoluindo, seja por costume ou por acordos ortográficos;
- Variações situacionais ou difásicas: estão relacionadas ao uso ou não da linguagem formal de acordo com o contexto em que se está inserido, por exemplo, uma conversa entre amigos ou a fala diante de um tribunal;
- Variações sociais ou diastráticas: são as gírias e termos comuns a determinados grupos, como, por exemplo, o vocabulário jurídico.
Como são as questões que abordam as variações linguísticas no Enem?
O Enem utiliza trechos de livros que compõem o cânone da Literatura Brasileira, além de notícias de jornais e revistas para exemplificar o uso de termos que passam por variações na Língua Portuguesa de acordo com a região ou o grupo ao qual os falantes pertencem.
As questões sobre variações linguísticas no Enem são apresentadas com o objetivo de avaliar a capacidade de interpretação de texto, além do arcabouço cultural do candidato.
A seguir, confira algumas questões que separamos para você exercitar o assunto que tratamos nesta página.
Questões sobre Variações Linguísticas no Enem
01 – (ENEM) Motivadas ou não historicamente, normas prestigiadas ou estigmatizadas pela comunidade sobrepõem-se ao longo do território, seja numa relação de oposição, seja de complementaridade, sem, contudo, anular a interseção de usos que configuram uma norma nacional distinta da do português europeu. Ao focalizar essa ao longo do território, seja numa relação de oposição, seja de complementaridade, sem, contudo, anular a interseção de usos que configuram uma norma nacional distinta da do português europeu. Ao focalizar essa a pensar na bifurcação das variantes continentais, ora em consequência de mudanças ocorridas no Brasil, ora em Portugal, ora, ainda, em ambos os territórios. CALLOU, D. Gramática, variação e normas. In: VIEIRA, S. R.; BRANDÃO, S. (orgs). Ensino de gramática: descrição e uso. São Paulo: Contexto, 2007 (adaptado). O português do Brasil não é uma língua uniforme. A variação linguística é um fenômeno natural, ao qual todas as línguas estão sujeitas. Ao considerar as variedades linguísticas, o texto mostra que as normas podem ser aprovadas ou condenadas socialmente, chamando a atenção do leitor para a. desconsideração da existência das normas populares pelos falantes da norma culta. b. difusão do português de Portugal em todas as regiões do Brasil só a partir do século XVIII. c. existência de usos da língua que caracterizam uma norma nacional do Brasil, distinta da de Portugal. d. inexistência de normas cultas locais e populares ou vernáculas em um determinado país. e. necessidade de se rejeitar a ideia de que os usos frequentes de uma língua devem ser aceitos. 02 – ENEM) As dimensões continentais do Brasil são objeto de reflexões expressas em diferentes linguagens. Esse tema aparece no seguinte poema: “(….) Que importa que uns falem mole descansado Que os cariocas arranhem os erres na garganta Que os capixabas e paroaras escancarem as vogais? Que tem se os quinhentos réis meridional Vira cinco tostões do Rio pro Norte? Junto formamos este assombro de misérias e grandezas, Brasil, nome de vegetal! (….)” (Mário de Andrade. Poesias completas. 6. ed. São Paulo: Martins Editora, 1980. O texto poético ora reproduzido trata das diferenças brasileiras no âmbito a. étnico e religioso. b. lingüístico e econômico. c. racial e folclórico. d. histórico e geográfico. e. literário e popular. 03 – (ENEM) Só há uma saída para a escola se ela quiser ser mais bem-sucedida: aceitar a mudança da língua como um fato. Isso deve significar que a escola deve aceitar qualquer forma da língua em suas atividades escritas? Não deve mais corrigir? Não! Há outra dimensão a ser considerada: de fato, no mundo real da escrita, não existe apenas um português correto, que valeria para todas as ocasiões: o estilo dos contratos não é o mesmo do dos manuais de instrução; o dos juízes do Supremo não é o mesmo do dos cordelistas; o dos editoriais dos jornais não é o mesmo do dos cadernos de cultura dos mesmos jornais. Ou do de seus colunistas. POSSENTI, S. Gramática na cabeça. Língua Portuguesa, ano 5, n. 67, maio 2011 (adaptado). Sírio Possenti defende a tese de que não existe um único “português correto”. Assim sendo, o domínio da língua portuguesa implica, entre outras coisas, saber a. descartar as marcas de informalidade do texto. b. reservar o emprego da norma padrão aos textos de circulação ampla. c. moldar a norma padrão do português pela linguagem do discurso jornalístico. d. adequar as formas da língua a diferentes tipos de texto e contexto. e. desprezar as formas da língua previstas pelas gramáticas e manuais divulgados pela escola. 04 – (ENEM) Da corrida de submarino à festa de aniversário no trem Leitores fazem sugestões para o Museu das Invenções Cariocas “Falar ‘caraca!’ a cada surpresa ou acontecimento que vemos, bons ou ruins, é invenção do carioca, como também o ‘vacilão’.” “Cariocas inventam um vocabulário próprio”. “Dizer ‘merrmão’ e ‘é merrmo’ para um amigo pode até doer um pouco no ouvido, mas é tipicamente carioca.” “Pedir um ‘choro’ ao garçom é invenção carioca.” “Chamar um quase desconhecido de ‘querido’ é um carinho inventado pelo carioca para tratar bem quem ainda não se conhece direito.” “O ‘ele é um querido’ é uma forma mais feminina de elogiar quem já é conhecido.” SANTOS, J. F. Disponível em: www.oglobo.globo.com. Acesso em: 6 mar. 2013 (adaptado). Entre as sugestões apresentadas para o Museu das Invenções Cariocas, destaca-se o variado repertório linguístico empregado pelos falantes cariocas nas diferentes situações específicas de uso social. A respeito desse repertório, atesta-se o(a) a. desobediência à norma-padrão, requerida em ambientes urbanos. b. inadequação linguística das expressões cariocas às situações sociais apresentadas. c. reconhecimento da variação linguística, segundo o grau de escolaridade dos falantes. d. identificação de usos linguísticos próprios da tradição cultural carioca. e. variabilidade no linguajar carioca em razão da faixa etária dos falantes. 05 – (ENEM) “eu gostava muito de passeá… saí com as minhas colegas… brincá na porta di casa di vôlei… andá de patins… bicicleta… quando eu levava um tombo ou outro… eu era a::… a palhaça da turma… ((risos))… eu acho que foi uma das fases mais… assim… gostosas da minha vida foi… essa fase de quinze… dos meus treze aos dezessete anos… “ A.P.S., sexo feminino, 38 anos, nível de ensino fundamental. Projeto Fala Goiana, UFG, 2010 (inédito). Um aspecto da composição estrutural que caracteriza o relato pessoal de A.P.S. como modalidade falada da língua é a. predomínio de linguagem informal entrecortada por pausas. b. vocabulário regional desconhecido em outras variedades do português. c. realização do plural conforme as regras da tradição gramatical. d. ausência de elementos promotores de coesão entre os eventos narrados. e. presença de frases incompreensíveis a um leitor iniciante. |
Gabarito
01- C | 02 – B | 03 – D | 04 – D | 05 – A |
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