MEC anuncia que Enem será adiado por um período de 30 a 60 dias

Nova data ainda será planejada pelo Ministério da Educação, previsão é que seja de 30 a 60 dias após a data antes marcada.

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Publicado em 20/05/2020 (atualizado em 09/01/2021)

Diante da pressão da sociedade civil e do Congresso, o Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) anunciaram hoje (20) o adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020. As datas serão postergadas de 30 a 60 em relação às previstas nos editais.

Ontem (19), o Senado aprovou um projeto de lei que prevê o adiamento do Enem e de outros vestibulares devido à pandemia do novo coronavírus, seguindo para votação no plenário da Câmara dos Deputados. Após enfrentar essa pressão judicial por uma nova data para o exame, o governo decide adiar a prova. Confira a nota oficial divulgada pelo Inep:

Atentos às demandas da sociedade e às manifestações do Poder Legislativo em função do impacto da pandemia do coronavírus no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e o Ministério da Educação (MEC) decidiram pelo adiamento da aplicação do exame nas versões impressa e digital. As datas serão adiadas de 30 a 60 dias em relação ao que foi previsto nos editais.

Para tanto, o Inep promoverá uma enquete direcionada aos inscritos do Enem 2020, a ser realizada em junho, por meio da Página do Participante. As inscrições para o exame seguem abertas até as 23h59 desta sexta-feira, 22 de maio.

MEC anuncia que Enem será adiado por um período de 30 a 60 dias
Cronograma do Enem 2020 sofrerá mudanças (Foto: Caio Rocha/Framephoto/Estadão Conteúdo)

Inicialmente, o Enem estava previsto para ocorrer em novembro, mas, devido aos efeitos da Covid-19, que levaram escolas a suspender as aulas presenciais, a prova deverá acontecer em dezembro ou janeiro de 2021. 

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), exigiu hoje uma garantia do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre o adiamento do Enem para que a Casa não vote ainda nesta quarta em um projeto nesse sentido. “Desculpa, não posso acreditar nesse ministro”, declarou ao ser avisado sobre o anúncio do MEC.

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, ao qual Rodrigo Maia se referiu, era contra o adiamento do Enem e estava se empenhando para que não houvesse uma remarcação do exame. 

Após defender que a decisão podia “esperar um pouquinho mais”, o presidente Jair Bolsonaro, diante da pressão cívica e judicial, manifestou-se em sua rede social:

Por conta dos efeitos da pandemia de Covid-19 e para que os alunos não sejam prejudicados pela mesma, decidi, juntamente com o Presidente da Câmara dos Deputados, adiar a realização do ENEM 2020, com data ser definida.

Antes do anúncio do adiamento do Enem, a insistência do governo Jair Bolsonaro em manter as datas do exame, apesar da pandemia do novo coronavírus e do fechamento de escolas, estava indo na contramão do que ocorre no resto do mundo. De acordo com levantamento do Instituto Unibanco, apenas 5 países de 19 com provas similares ao Enem mantiveram o cronograma.

E, mesmo com a notícia do adiamento, o governo manterá a previsão de uma consulta pública com os inscritos. Contudo, a futura data do Enem será postergada de 30 a 60 dias, ou seja, os participantes não terão total autonomia para optarem por aquilo que julgam melhor.

Cabe agora questionarmos se o Brasil estará apto para colocar uma média de 50 alunos em uma sala em dezembro ou janeiro. Aos olhos de especialistas, esse breve adiamento não minimiza as desigualdades enfrentadas por milhões de estudantes.

Afinal, mais de 70% dos inscritos no Enem estudam em escolas da rede pública brasileira, as quais tiveram suas aulas suspensas em razão da medida de isolamento social adotada. Dessa forma, esses alunos sentiram na pele os efeitos da pandemia do novo coronavírus, que não permitiu que os mesmos dessem continuidade aos estudos durante a quarentena.

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