11 Questões sobre Modernismo no Enem

Relembre alguns tópicos sobre essa escola literária e pratique resolvendo exercícios.

A Literatura Brasileira é um assunto recorrente na prova de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Realizada no primeiro dia do exame, as questões abordam temas como conhecimentos a respeito das escolas literárias e interpretação das obras de acordo com o contexto histórico em que elas foram escritas, bem como o da vida de seus autores.

Preparamos um artigo para ajuda-lo com os estudos a respeito do Modernismo no Enem e, ao final, você pode colocar seu aprendizado em prática a fim de reforçar os conceitos. Esta escola literária tem uma importância enorme para a história da Literatura no Brasil e a prova exige que o estudante possua um bom conhecimento a respeito deste assunto. Vamos lá?!

O que foi o Modernismo?

O Modernismo foi uma escola literária que teve início na primeira década do século XX. Após a Proclamação da República, a abolição a escravidão e a Primeira Guerra Mundial, o Brasil passou por mudanças drásticas em todas as áreas e os artistas deste período revolucionaram a forma de fazer arte, tanto no que diz respeito às artes visuais, quanto na literatura e na música.

O evento que marca o início do Modernismo foi a Semana de Arte Moderna, realizada entre os dias 11 e 18 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo. Este reuniu artistas de diversas áreas, que apresentaram pinturas, esculturas e música, além de prosa e poesia.

O movimento foi dividido em três fases: a fase Heroica (1922-1930), a fase de Consolidação (1930-1945) e, por fim, a de Reflexão (1945-1960).

Quais as principais características do Modernismo?

As transformações pelas quais o Brasil passou nos cenários político e social na virada do século XIX para o século XX refletiram, também, nas manifestações artísticas. O movimento modernista, em todas as suas fases, é marcado por algumas características específicas, tais como:

  • Busca por romper com os padrões estabelecidos nas escolas literárias que antecederam o movimento;
  • Valorização da arte genuinamente brasileira;
  • Exaltação dos símbolos nacionais;
  • Regionalismo, que abordava as características marcantes dos povos de determinadas regiões do país, tais como os sertanejos;
  • Críticas sociais e políticas muito presentes nas obras.

Autores modernistas cobrados no Enem

Para obter sucesso nas questões a respeito do Modernismo no Enem é importante ter conhecimento a respeito dos autores que mais se destacaram nesta escola literária. Entre eles, vale mencionar:

1. Manuel Bandeira

Assim como diversos outros autores da primeira fase do Modernismo, escreveu tanto prosa, quanto poesia e consagrou-se por obras como Cinzas das Horas (1917) e Flauta de Papel (1957).

2. Cecília Meireles

A poeta (como insistia em ser definida, ao invés de poetisa) fluminense fez parte da segunda fase do movimento modernista, destacando-se pelo caráter intimista de sua obra poética. Algumas de suas publicações são Saudação à Menina de Portugal (1930) e Olhinhos de Gato (1940).

3. Ariano Suassuna

Representante da terceira fase do Modernismo, o autor paraibano insistiu em imprimir em sua obra literária a força da cultura do Nordeste brasileiro. Além de livros, escreveu também autos e peças teatrais, entre os quais se destacam O Auto da Compadecida (1955) e O Auto de João da Cruz (1950).

Resolva questões sobre Modernismo no Enem

Como já mencionamos, o movimento modernista está muito presente, ano após ano, na prova de Linguagens do Enem. As questões referentes à escola literária aparecem com o objetivo de avaliar a capacidade de compreensão e interpretação de texto dos alunos, bem como de análise a respeito de contextos sociais, políticos e históricos em que os textos literários foram escritos.

Questão 01

(Enem 2019 PPL) Biografia de Pasárgada

Quando eu tinha meus 15 anos e traduzia na classe de grego do D. Pedro II a Ciropédia fiquei encantado com o nome dessa cidadezinha fundada por Ciro, o Antigo, nas montanhas do sul da Pérsia, para lá passar os verões. A minha imaginação de adolescente começou a trabalhar, e vi Pasárgada e vivi durante alguns anos em Pasárgada.

Mais de vinte anos depois, num momento de profundo desânimo, saltou-me do subconsciente este grito de evasão: “Vou-me embora pra Pasárgada!” Imediatamente senti que era a célula de um poema. Peguei do lápis e do papel, mas o poema não veio. Não pensei mais nisso. Uns cinco anos mais tarde, o mesmo grito de evasão nas mesmas circunstâncias. Desta vez, o poema saiu quase ao correr da pena. Se há belezas em “Vou-me embora pra Pasárgada!”, elas não passam de acidentes. Não construí o poema, ele construiu-se em mim, nos recessos do subconsciente, utilizando as reminiscências da infância — as histórias que Rosa, minha ama-seca mulata, me contava, o sonho jamais realizado de uma bicicleta etc.

BANDEIRA, M. Itinerário de Pasárgada. São Paulo: Global, 2012.

O texto é um depoimento de Manuel Bandeira a respeito da criação de um de seus poemas mais conhecidos.

De acordo com esse depoimento, o fazer poético em “Vou-me embora pra Pasárgada!”

a) Acontece de maneira progressiva, natural e pouco intencional.

b) Decorre de uma inspiração fulminante, num momento de extrema emoção.

c) Ratifica as informações do senso comum de que Pasárgada é a representação de um lugar utópico.

d) Resulta das mais fortes lembranças da juventude do poeta e de seu envolvimento com a literatura grega.

e) Remete a um tempo da vida de Manuel Bandeira marcado por desigualdades sociais e econômicas.

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Gabarito: Letra A

Questão 02

(Enem 2016 PPL) Poema tirado de uma notícia de jornal

João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão sem número.
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.

(BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira: poesias reunidas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1980)

No poema de Manuel Bandeira, há uma ressignificação de elementos da função referencial da linguagem pela:

a) Atribuição de título ao texto com base em uma notícia veiculada em jornal.

b) Utilização de frases curtas, características de textos do gênero jornalístico.

c) Indicação de nomes de lugares como garantia da veracidade da cena narrada.

d) Enumeração de ações, com foco nos eventos acontecidos à personagem do texto.

e) Apresentação de elementos próprios da noticia, tais como quem, onde, quando e o quê.

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Gabarito: Letra E

Questão 03

(Enem 2015) Cântico VI

Tu tens um medo de Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.
E então serás eterno.

(MEIRELES. C. Antologia poética, Rio de Janeiro: Record. 1963)

A poesia de Cecília Meireles revela concepções sobre o homem em seu aspecto existencial. Em Cântico VI, o eu lírico exorta seu interlocutor a perceber, como inerente à condição humana,

a) A sublimação espiritual graças ao poder de se emocionar.

b) O desalento irremediável em face do cotidiano repetitivo.

c) O questionamento cético sobre o rumo das atitudes humanas.

d) A vontade inconsciente de perpetuar-se em estado adolescente.

e) Um receio ancestral de confrontar a imprevisibilidade das coisas.

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Gabarito: Letra A

Questão 04

(Enem 2012) O trovador

Sentimentos em mim do asperamente
dos homens das primeiras eras…
As primaveras do sarcasmo
intermitentemente no meu coração arlequinal…
Intermitentemente…
Outras vezes é um doente, um frio
na minha alma doente como um longo som redondo…
Cantabona! Cantabona!
Dlorom… Sou um tupi tangendo um alaúde!

(ANDRADE, M. In: MANFIO, D. Z. (Org.) Poesias completas de Mário de Andrade. Belo Horizonte: Itatiaia, 2005)

Cara ao Modernismo, a questão da identidade nacional é recorrente na prosa e na poesia de Mário de Andrade. Em O trovador, esse aspecto é:

a) Abordado subliminarmente, por meio de expressões como “coração arlequinal” que, evocando o carnaval, remete à brasilidade.

b) Verificado já no título, que remete aos repentistas nordestinos, estudados por Mário de Andrade em suas viagens e pesquisas folclóricas.

c) Lamentado pelo eu lírico, tanto no uso de expressões como “Sentimentos em mim do asperamente” (v. 1), “frio” (v. 6), “alma doente” (v. 7), como pelo som triste do alaúde “Dlorom” (v. 9).

d) Problematizado na oposição tupi (selvagem) x alaúde (civilizado), apontando a síntese nacional que seria proposta no Manifesto Antropófago, de Oswald de Andrade.

e) Exaltado pelo eu lírico, que evoca os “sentimentos dos homens das primeiras eras” para mostrar o orgulho brasileiro por suas raízes indígenas.

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Gabarito: Letra D

Questão 05

(Enem 2013)

11 Questões sobre Modernismo no Enem

O poema de Oswald de Andrade remonta à ideia de que a brasilidade está relacionada ao futebol. Quanto à questão da identidade nacional, as anotações em torno dos versos constituem:

a) Direcionamentos possíveis para uma leitura crítica de dados histórico-culturais.

b) Forma clássica da construção poética brasileira.

c) Rejeição à ideia do Brasil como o país do futebol.

d) Intervenções de um leitor estrangeiro no exercício de leitura poética

e) Lembretes de palavras tipicamente brasileiras substitutivas das originais.

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Gabarito: Letra A

Questão 06

(Enem)

NAMORADOS

O rapaz chegou-se para junto da moça e disse:
-Antônia, ainda não me acostumei com o seu corpo, com
sua cara.
A moça olhou de lado e esperou.
-Você não sabe quando a gente é criança e de repente vê
uma lagarta listrada?
A moça se lembrava:
-A gente fica olhando…
A meninice brincou de novo nos olhos dela.
O rapaz prosseguiu com muita doçura:
-Antônia, você parece uma lagarta listrada.
A moça arregalou os olhos, fez exclamações.
O rapaz concluiu:
-Antônia, você é engraçada! Você parece louca.


Manuel Bandeira. Poesia completa 8. prosa. Rio de Janeiro:
Nova Aguilar, 1985.

No poema de Bandeira, importante representante da poesia modernista, destaca-se como característica da escola literária dessa época

a) reiteração de palavras como recurso de construção de rimas ricas.
b) utilização expressiva da linguagem falada em situações o cotidiano.
c) criativa simetria de versos para reproduzir o ritmo do tema abordado.
d) escolha do tema do amor romântico, caracterizador do estilo literário dessa época.
e) recurso ao diálogo, gênero discursivo típico do Realismo.

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Gabarito: Letra B

Questão 07

(Enem)

11 Questões sobre Modernismo no Enem
Reprodução do INEP/ENEM

A obra de Rubem Valentim apresenta emblema que, baseando-se em signos de religiões afro-brasileiras, se transformam em produção artística. A obra Emblema 78 relaciona-se com o Modernismo em virtude da

a) simplificação de formas da paisagem brasileira.
b) valorização de símbolos do processo de urbanização.
c) fusão de elementos da cultura brasileira com a arte europeia.
d) alusão aos símbolos cívicos presentes na bandeira nacional.
e) composição simétrica de elementos relativos à miscigenação racial

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Gabarito: Letra C

Questão 08

(Enem) Erro de Português

Quando o português chegou
Debaixo de uma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de Sol
O índio tinha despido
O português.

Oswald de Andrade. Poesias reunidas. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1978.

O primitivismo observável no poema acima, de Oswald de Andrade, caracteriza de forma marcante

a) o regionalismo do Nordeste.
b) o concretismo paulista.
c) a poesia Pau-Brasil.
d) o simbolismo pré-modernista.
e) o tropicalismo baiano.

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Gabarito: Letra C

Questão 09

(Enem)

A verdade é que não me preocupo muito com
o outro mundo. Admito Deus, pagador celeste dos meus
trabalhadores, mal remunerados cá na terra, e admito o
diabo, futuro carrasco do ladrão que me furtou uma vaca
de raça. Tenho, portanto, um pouco de religião, embora
julgue que, em parte, ela é dispensável a um homem. Mas
mulher sem religião é horrível.
Comunista, materialista. Bonito casamento! Amizade com o
Padilha, aquele imbecil. “Palestras amenas e variadas”. Que
haveria nas palestras? Reformas sociais, ou coisa pior. Sei
lá! Mulher sem religião é capaz de tudo.

RAMOS, Graciliano. São Bernardo. Rio de Janeiro: Record,
1981, p. 131

Uma das características da prosa de Graciliano Ramos é ser bastante direta e enxuta. No romance São Bernardo, o autor faz a análise psicológica de personagens e expõe desigualdades sociais com base na relação entre patrão e empregado, além da relação conjugal. Nesse sentido, o texto revela

a) um narrador-personagem que coloca no mesmo plano Deus e o diabo e defende o livre-arbítrio feminino no tocante à religião.
b) um narrador onisciente que não participa da história, conhecedor profundo do caráter machista de Paulo Honório e da sua ideologia política.
c) uma narração em terceira pessoa que explora o aspecto objetivo e claro da linguagem para associar o espaço interno do personagem ao espaço externo.
d) um discurso em primeira pessoa que transmite o caráter ambíguo da religiosidade do personagem e sua convicção acerca da relação que a mulher deve ter com a religião.
e) um narrador alheio às questões socioculturais e econômicas da sociedade capitalista e que defende a divisão dos bens e o trabalho coletivo como modo de organização social e política.

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Gabarito: Letra D

Questão 10

(Enem)

11 Questões sobre Modernismo no Enem
Reprodução Enem/Inep

A imagem integra uma adaptação em quadrinhos da obra Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa. Na representação gráfica, a inter-relação de diferentes linguagens caracteriza-se por

a) romper com a linearidade das ações da narrativa literária.
b) ilustrar de modo fidedigno passagens representativas da história.
c) articular a tensão do romance à desproporcionalidade das formas.
d) potencializar a dramaticidade do episódio com recursos das artes visuais.
e) desconstruir a diagramação do texto literário pelo desequilíbrio da composição.

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Gabarito: Letra D

Questão 11

(Enem)

Pecados, vagância de pecados. Mas, a gente
estava com Deus? Jagunço podia? Jagunço – criatura paga
para crimes, impondo o sofrer no quieto arruado dos
outros, matando e roupilhando. Que podia? Esmo disso,
disso, queri, por pura toleima; que sensata resposta podia
me assentar o Jõe, broreiro peludo do Riachão do
Jequitinhonha? Que podia? A gente, nós, assim jagunços, se
estava em permissão de fé para esperar de Deus perdão de
proteção? Perguntei, quente.
— “Uai? Nós vive… — foi o respondido que ele me deu.

ROSA, G. Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001 (fragmento).

Guimarães Rosa destaca-se pela inovação da linguagem com marcas dos falares populares e regionais. Constrói seu vocabulário a partir de arcaísmos e da intervenção nos campos sintático-semânticos. Em Grande sertão: veredas, seu livro mais marcante, faz o enredo girar em torno de
Riobaldo, que tece a história de sua vida e sua interlocução com o mundo-sertão.

No fragmento em referência, o narrador faz uso da linguagem para revelar

a) inquietação por desconhecer se os jagunços podem ou não ser protegidos por Deus.
b) uma insatisfação profunda com relação à sua condição de jagunço e homem pecador.
c) confiança na resposta de seu amigo Jõe, que parecia ser homem estudado e entendido.
d) muitas dúvidas sobre a vida após a morte, a vida espiritual e sobre a fé que pode ter o jagunço.
e) arrependimento pelos pecados cometidos na vida errante de jagunço e medo da perdição eterna.

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Gabarito: Letra A

Questão 12

(Enem)

HELOÍSA: Faz versos?

PINOTE: Sendo preciso… Quadrinhas… Acrósticos… Sonetos… Reclames.

HELOÍSA: Futuristas?

PINOTE: Não senhora! Eu já fui futurista. Cheguei a acreditar na independência… Mas foi uma tragédia!

Começaram a me tratar de maluco. A me olhar de esguelha. A não me receber mais. As crianças choravam em casa.

Tenho três filhos. No jornal também não pagavam, devido à crise. Precisei viver de bicos. Ah! Reneguei tudo.

Arranjei aquele instrumento (Mostra a faca) e fiquei passadista.

ANDRADE, O. O rei da vela. São Paulo: Globo, 2003.

O fragmento da peça teatral de Oswald de Andrade ironiza a reação da sociedade brasileira dos anos 1930 diante de determinada vanguarda europeia. Nessa visão, atribui-se ao público leitor uma postura

a) Preconceituosa, ao evitar formas poéticas simplificadas.

b) Conservadora, ao optar por modelos consagrados.

c) Preciosista, ao preferir modelos literários eruditos.

d) Nacionalista, ao negar modelos estrangeiros.

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Gabarito: Letra B

Há algo de errado com o gabarito das questões sobre Modernismo no Enem? Deixe nos comentários abaixo para que possamos ajustar e/ou corrigir a informação.

Jornalista e pós-graduanda em Literatura Brasileira. Atua como criadora de conteúdo, revisora e tradutora. Quer ser muitas coisas e é verdadeiramente apaixonada por tudo o que faz.

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