5 Exemplos de Redação nota 1000 no Enem

Inspire-se nas redações nota 1000 e pegue as dicas para fechar todas as competências avaliativas!

Exemplos de Redação nota 1000 no Enem

Nos últimos processos seletivos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), Minas Gerais e Rio de Janeiro saíram na frente com 14 candidatos que tiraram nota 1000. Além disso, as mulheres também se destacaram na Redação do Enem em 2019, sendo 42 dos 55 candidatos que a atingiram nota máxima.

Muitos estudantes querem saber o que fazer, qual a fórmula para alcançar a tão sonhada nota mil! Por isso, separamos aqui alguns destaques e observações feitas a respeito de cada redação, que podem te ajudar a atingir seus objetivos!

Inspire-se nestes exemplos de Redação nota mil!

Enem 2018

O tema do Enem 2018 foi “Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na Internet”. Veja exemplos de Redação textos com nota máxima nesse ano:

1. Natália Cristina Patrício da Silva

A utilização dos meios de comunicação para manipular comportamentos não é recente no Brasil: ainda em 1937, Getúlio Vargas apropriou-se da divulgação de uma falsa ameaça
comunista para legitimar a implantação de um governo ditatorial. Entretanto, os atuais mecanismos de controle de dados, proporcionados pela internet, revolucionaram de maneira
negativa essa prática, uma vez que conferiram aos usuários uma sensação ilusória de acesso à informação, prejudicando a construção da autonomia intelectual e, por isso, demandam intervenções. Ademais, é imperioso ressaltar os principais impactos da manipulação, com destaque à influência nos hábitos de consumo e nas convicções pessoais dos usuários.


Nesse contexto, as plataformas digitais, associadas aos algoritmos de filtragem de dados, proporcionaram um terreno fértil para a evolução dos anúncios publicitários. Isso ocorre porque, ao selecionar os interesses de consumo do internauta, baseado em publicação feitas por este, o sistema reorganiza as informações que chegam até ele, de modo a priorizar os anúncios complacentes ao gosto do usuário. Nesse viés, há uma pretensa sensação de liberdade de escolha, teorizada pela Escola de Frankfurt, já que todos os dados adquiridos estão sujeitos à coerção econômica. Dessa forma, há um bombardeio de propagandas que influenciam os hábitos de consumo de quem é atingido, visto que, na maioria das vezes, resultam na aquisição do produto anunciado.


Somado a isso, tendo em vista a capacidade dos algoritmos de selecionar o que vai ou não ser lido, estes podem ser usados para moldar interesses pessoais dos leitores, a fim de alcançar objetivos políticos e/ou econômicos. Nesse cenário, a divulgação de notícias falsas é utilizada como artifício para dispersar ideologias, contaminando o espaço de autonomia previsto pelo sociólogo Manuel Castells, o qual caracteriza a internet como ambiente importante para a amplitude da democracia, devido ao seu caráter informativo e deliberativo.


Desse modo, o controle de dados torna-se nocivo ao desenvolvimento da consciência crítica dos usuários, bem como à possibilidade de uso da internet como instrumento de politização.
Evidencia-se, portanto, que a manipulação advinda do controle de dados na internet é um obstáculo para a consolidação de uma educação libertadora. Por conseguinte, cabe ao Ministério da Educação investir em educação digital nas escolas, por meio da inclusão de disciplinas facultativas, as quais orientarão aos alunos sobre as informações pessoais publicadas na internet, a fim de mitigar a influência exercida pelos algoritmos e, consequentemente, fomentar o uso mais consciente das plataformas digitais. Além disso, é necessário que o Ministério da Justiça, em parceria com empresas de tecnologia, crie canais de denúncia de “fake news”, mediante a implementação de indicadores de confiabilidade nas noticias veiculadas – como o projeto “The Trust Project” nos Estados Unidos – com o intuito de minimizar o compartilhamento de informações falsas e o impacto destas na sociedade. Feito isso, a sociedade brasileira poderá se proteger contra a manipulação e a desinformação.

Natália Cristina Patrício da Silva, DF

Veja comentários sobre esse texto:

Amplo repertório de recursos coesivos: A estudante Nathália Cristina Patrício teve a sua redação em destaque dentre as notas maiores. Perceba que, em sua redação, os parágrafos e períodos estão estruturados de forma bastante fluida e articulada ao tema.  

Para que a redação ficasse coesa, ela utilizou de um recurso fundamental e que muitos estudantes dão pouca importância – as ferramentas linguísticas de conectivos.  

Ainda, no segundo parágrafo, os articuladores proporcionam ao leitor uma leitura fluída, sem repetição vocabular. “nesse contexto, somado a isso, portanto” são alguns desses articuladores presentes que enriqueceram o texto da estudante.

Proposta de intervenção detalhada: Outro ponto importante é a respeito da proposta de intervenção perfeitamente detalhada. A proposta além de ser concreta, possui todas as respostas para o cumprimento da possível solução. A estudante detalha o agente + a ação + os meios e ainda apresenta os resultados. 

A forma como a ação deve ser desenvolvida ou executada é um ponto que contribui para que o estudante feche a competência V!

Introdução com contextualização histórica: Uma ótima estratégia que tem ganhado cada vez mais destaques entre os estudantes que tiraram nota 1000 no Enem 2019, é introduzir o texto por meio de uma contextualização histórica

Aqui no texto, a estudante traçou um breve panorama do período de Getúlio Vargas no Brasil para falar da propaganda e da manipulação do povo para a implementação do período ditatorial.

Isso valida ainda mais o posicionamento do estudante ao defender o seu ponto de vista, pois demonstra pesquisa e boa bagagem cultural de informações válidas e concretas. 

2. Fernanda Carolina Santos

No filme “Matrix“, clássico do gênero ficção científica, o protagonista Neo é confrontado pela descoberta de que o mundo em que vive é, na realidade, uma ilusão construída a fim de manipular o comportamento dos seres humanos, que, imersos em máquinas que mantêm seus corpos sob controle, são explorados por um sistema distópico dominado pela tecnologia. Embora seja uma obra ficcional, o filme apresenta características que se assemelham ao atual contexto brasileiro, pois, assim como na obra, os mecanismos tecnológicos têm contribuído para a alienação dos cidadãos, sujeitando-os aos filtros de informações impostos pela mídia, o que influencia negativamente seus padrões de consumo e sua autonomia intelectual.

Em princípio, cabe analisar o papel da internet no controle do comportamento sob a perspectiva do sociólogo contemporâneo Zygmunt Bauman. Segundo o autor, o crescente desenvolvimento tecnológico, aliado ao incentivo ao consumo desenfreado, resulta numa sociedade que anseia constantemente por produtos novos e por informações atualizadas. Nesse contexto, possibilita-se a ascensão, no meio virtual, de empresas que se utilizam de algoritmos programados para selecionar o conteúdo a ser exibido aos internautas com base em seu perfil socioeconômico, oferecendo anúncios de produtos e de serviços condizentes com suas recentes pesquisas em sites de busca ou de compras. Verifica-se, portanto, o impacto da mídia virtual na criação de necessidades que fomentam o consumo entre os cidadãos.

Ademais, a influência do meio virtual atinge também o âmbito intelectual. Isso ocorre na medida em que, ao ter acesso apenas ao conteúdo previamente selecionado de acordo com seu perfil na internet, o indivíduo perde contato com pontos de vista que divergem do seu, o que compromete significativamente a construção de seu senso crítico e de sua capacidade de diálogo. Dessa maneira, surge uma massa de internautas alienados e despreocupados em checar a procedência das informações que recebem, o que torna ambiente virtual propício à disseminação das chamadas “fake news”.

Assim, faz-se necessária a atuação do Ministério da Educação, em parceria com a mídia, na educação da população — especialmente dos jovens, público mais atingido pela influência digital — acerca da necessidade do posicionamento crítico quanto ao conteúdo exposto e sugerido na internet. Isso deve ocorrer por meio da promoção de palestras, que, ao serem ministradas em escolas e universidades, orientem os brasileiros no sentido de buscar informação em fontes variadas, possibilitando a construção de senso crítico. Além disso, cabe às entidades em governamentais a elaboração de medidas que minimizem os efeitos das propagandas que visam incentivar o consumismo. Dessa forma, será possível tornar o meio virtual um ambiente mais seguro e democrático para a população brasileira.

Fernanda Carolina Santos, Belo Horizonte

Veja comentários sobre esse texto:

Repertório sócio cultural acessível: Engana-se quem acredita que repertório sócio produtivo se baseia apenas em citações filosóficas e teorias profundas sobre qualquer assunto. 

A noção de repertório caiu por terra aqui na redação da Fernanda Carolina Santos, que teve uma nota 1000 na Redação do Enem 2019 graças à criatividade de ampliar suas vivências na redação. 

Ao iniciar o texto abordando a questão da tecnologia, Fernanda discorre sobre a manipulação decorrente do uso dela citando o filme “Matrix” para defender o seu senso crítico. Ao utilizar de um repertório sócio cultural acessível ao público, como filmes e séries, a estudante deixa a sua marca e os seus indícios de autoria. 

Isso fortalece a ideia de que o repertório também é tudo aquilo que faz parte do lazer do estudante. 

Contextualização filosófica: A fim de enriquecer ainda mais os argumentos, Fernanda não só trouxe o filósofo Bauman para a discussão no segundo parágrafo, como contextualizou adequadamente as ideias do autor por meio de citação indireta.

Ou seja, a estudante rearticulou as ideias sobre o desenvolvimento tecnológico com as próprias palavras para justificar o seu posicionamento e defender o seu ponto de vista.

Equilíbrio entre os parágrafos: perceba também que a redação da estudante possui uma excelente fragmentação dos parágrafos, com períodos bem demarcados pelos conectivos e, ainda, com tamanhos iguais. 

A estrutura estética, embora não seja um fator que pese tanto na redação, pode contribuir para uma melhor fluidez e organização de ideias. Por fim, acaba sendo um recurso também notável pelo corretor. 

3. Thaís Saeger

É fato que a tecnologia revolucionou a vida em sociedade nas mais variadas esferas, a exemplo da saúde, dos transportes e das relações sociais. No que concerne ao uso da internet, a rede potencializou o fenômeno da massificação do consumo, pois permitiu, por meio da construção de um banco de dados, oferecer produtos de acordo com os interesses dos usuários. Tal personalização se observa, também, na divulgação de informações que, dessa forma, se tornam, muitas vezes, tendenciosas. Nesse sentido, é necessário analisar tal quadro, intrinsecamente ligado a aspectos educacionais e econômicos.

É importante ressaltar, em primeiro plano, de que forma o controle de dados na internet permite a manipulação do comportamento dos usuários. Isso ocorre, em grande parte, devido ao baixo senso crítico da população, fruto de uma educação tecnicista, na qual não há estímulo ao questionamento. Sob esse âmbito, a internet usufrui dessa vulnerabilidade e, por intermédio de uma análise dos sites mais visitados por determinado indivíduo, consegue rastrear seus gostos e propor notícias ligadas aos seus interesses, limitando, assim, o modo de pensar dos cidadãos. Em meio a isso, uma analogia com a educação libertadora proposta por Paulo Freire mostra-se possível, uma vez que o pedagogo defendia um ensino capaz de estimular a reflexão e, dessa forma, libertar o indivíduo da situação a qual encontra-se sujeitado – neste caso, a manipulação.

Cabe mencionar, em segundo plano, quais os interesses atendidos por tal controle de dados. Essa questão ocorre devido ao capitalismo, modelo econômico vigente desde o fim da Guerra Fria, em 1991, o qual estimula o consumo em massa. Nesse âmbito, a tecnologia, aliada aos interesses do capital, também propõe aos usuários da rede produtos que eles acreditam ser personalizados. Partindo desse pressuposto, esse cenário corrobora o termo “ilusão da contemporaneidade” defendido pelo filósofo Sartre, já que os cidadãos acreditam estar escolhendo uma mercadoria diferenciada mas, na verdade, trata-se de uma manipulação que visa ampliar o consumo.

Infere-se, portanto, que o controle do comportamento dos usuários possui íntima relação com aspectos educacionais e econômicos. Desse modo, é imperiosa uma ação do MEC, que deve, por meio da oferta de debates e seminários nas escolas, orientar os alunos a buscarem informações de fontes confiáveis como artigos científicos ou por intermédio da checagem de dados, com o fito de estimular o senso crítico dos estudantes e, dessa forma, evitar que sejam manipulados. Visando ao mesmo objetivo, o MEC pode, ainda, oferecer uma disciplina de educação tecnológica nas escolas, através de sua inclusão na Base Comum Curricular, causando um importante impacto na construção da consciência coletiva. Assim, observar-se-ia uma população mais crítica e menos iludida.

Thais Saeger, Niterói

Comentários sobre esse texto:

Bom uso de recursos linguísticos: A Thaís Saeger também se destacou ao usar bons pronomes de retomada e investir no emprego de conectivos entre um período ou outro. 

“Tal personalização” para se referir aos interesses individuais dos usuários” e “partindo desse pressuposto” para retomar que a tecnologia, aliada aos interesses do capital, também propõe aos usuários da rede produtos que eles acreditam ser personalizados, são exemplos que demonstram um bom repertório de recursos linguísticos. 

Perceba que esse jogo de referências só foi possível graças ao emprego dos recursos linguísticos.

Repertório sócio produtivo abrangente: Uma outra ferramenta fundamental para angariar uma boa nota na competência III foi o uso de ótimos repertórios sócio produtivos. 

Apesar da introdução a estudante ter se valido apenas de seus próprios argumentos – estes de forma concreta, ao longo do texto o panorama histórico da Guerra Fria foi utilizado para explicar a origem da massificação do consumo. 

No segundo parágrafo, Thaís utiliza a perspectiva de Paulo Freire para estimular uma reflexão necessária para que o sujeito saia da condição de manipulado. Além de citar Freire, o filósofo Sartre também aparece como objeto de referência ao dizer que os cidadãos estão sendo manipulados pela finalidade do capitalismo de ampliar o consumo.

Enem 2019

Em 2019, o tema “Democratização do acesso ao cinema no Brasil” pegou a maioria dos candidatos de surpresa, mas o estudante que apostou em uma ótima estrutura e em uma boa escolha de repertório sócio produtivo conseguiu atingir facilmente a nota 1000 na Redação do Enem.

Veja dois exemplos abaixo:

4. Gabriel Lopes

O longa-metragem nacional “Na Quebrada” revela histórias reais de jovens da periferia de São Paulo, os quais, inseridos em um cenário de violência e pobreza, encontram no cinema uma nova perspectiva de vida. Na narrativa, evidencia-se o papel transformador da cultura por intermédio do Instituto Criar, que promove o desenvolvimento pessoal, social e profissional dos alunos por meio da sétima arte. Apresentando-se como um retrato social, tal obra, contudo, ainda representa a história de parte minoritária da população, haja vista o deficitário e excludente acesso ao cinema no Brasil, sobretudo às classes menos favorecidas. Todavia, para que haja uma reversão do quadro, faz-se necessário.  

Deve-se destacar, primeiramente, o distanciamento entre as periferias e as áreas de consumo de arte. Acerca disso, os filósofos Adorno e Horkheimer, em seus estudos sobre a “Indústria Cultural”, afirmaram que a arte, na era moderna, tornou-se objeto industrial feito para ser comercializado, tendo finalidades prioritariamente lucrativas. Sob esse prisma, empresas fornecedoras de filmes concentram sua atuação nas grandes metrópoles urbanas, regiões onde prevalece a população de maior poder aquisitivo, que se mostra mais disposta a pagar um maior valor pelas exibições. Essa prática, no entanto, fomenta uma tendência segregatória que afasta o cinema das camadas menos abastadas, contribuindo para a dificuldade da democratização do acesso a essa forma de expressão e de identidade cultural no Brasil.

Ademais, uma análise dos métodos da educação nacional é necessária. Nesse sentido, observa-se uma insuficiência de conteúdos relativos à aproximação do indivíduo com a cultura desde os primeiros anos escolares, fruto de uma educação tecnicista e pouco voltada para a formação cidadã do aluno. Dessa forma, com aulas voltadas para memorização teórica, o sistema educacional vigente pouco estimula o contato do estudante com as diversas formas de expressão cultural e artística, como o cinema, negligenciando, também, o seu potencial didático, notável pela sua inerente natureza estimulante. Tal cenário reforça a ideia da teórica Vera Maria Candau, que afirma que o sistema educacional atual está preso nos moldes do século XIX e não oferece propostas significativas para as inquietudes hodiernas. Assim, com a carência de um ensino que desperte o interesse dos alunos pelo cinema, a escola contribui para um afastamento desses indivíduos em relação ao cinema, o que constitui um entrave para que eles, durante a vida, tornem-se espectadores ativos das produções cinematográficas brasileiras e internacionais.

É evidente, portanto, que a dificuldade na democratização do acesso ao cinema no Brasil é agravada por causas corporativas e educacionais. Logo, é necessário que a Secretaria Especial de Cultura do Ministério da Cidadania torne tais obras mais alcançáveis ao corpo social. Para isso, ela deve estabelecer parcerias público-privadas com empresas exibidoras de filmes, beneficiando com isenções fiscais aquelas que provarem, por meio de relatórios semestrais, a expansão de seus serviços a preços populares para regiões fora dos centros urbanos, de forma que, com maior oferta a um maior número de pessoas, os indivíduos possam efetivar o seu uso para o lazer e para o seu engrandecimento cultural paralelamente, o Ministério da Educação deve levar o tema às escolas públicas e privadas. Isso deve ocorrer por meio da substituição de parte da carga teórica da Base Nacional Comum Curricular por projetos interdisciplinares que envolvam exibição de filmes condizentes com a prática pedagógica e visitas aos cinemas da região da escola, para que se desperte o interesse do aluno pelo tema ao mesmo tempo em que se desenvolve sua consciência cultural e cidadã. Nesse contexto, poder-se-á expandir a ação transformadora da sétima arte retratada em “Na Quebrada”, criando um legado duradouro de acesso à cultura e de desenvolvimento social em território nacional.

Gabriel Lopes, Rio de Janeiro

Comentários sobre o texto:

Repertório sócio cultural atual: O estudante Gabriel Lopes, que tirou nota 1000 na redação no Enem 2019, desenvolveu um excelente projeto de texto, baseado não só em repertório sócio produtivo teórico, mas utilizando-se do seu lazer para defender o seu ponto de vista.

Ao introduzir o texto citando um programa da Rede Globo, “Da quebrada”, o estudante prova mais uma vez que o repertório sócio cultural que envolve suas vivências e experiências pode agregar muito valor à redação e conquistar a banca avaliadora!

Repertório sócio produtivo em todos os parágrafos: Embora não seja regra, nos últimos processos seletivos, observei que a maioria das redações nota 1000 no Enem 2019 e 2018 possuíam um investimento fixo no repertório em todos os parágrafos. 

Aqui, o Gabriel além de selecionar um repertório diversificado, contextualizou-os perfeitamente com a problemática em questão. 

Trouxe na introdução um repertório sócio cultural popular e, adiante, nos dois parágrafos de desenvolvimento, investiu na teoria de Vera Maria Candau e Theodor Adorno para reforçar a questão da indústria cultural. 

Proposta de intervenção bem detalhada: A proposta de intervenção caprichada também é uma ótima ferramenta para alcançar uma boa nota! Aqui, a Secretaria Especial de Cultura do Ministério da Cidadania aparece como agente principal responsável pela realização de parcerias público-privadas com empresas exibidoras de filmes (ação) por meio de benefícios com isenções fiscais. (meios)

Além disso, a substituição de parte da carga teórica da Base Nacional Comum Curricular por projetos interdisciplinares que envolvam exibição de filmes condizentes com a prática pedagógica também contribui para uma maior conscientização.

Perceba que os meios pelos quais a ação será desenvolvida foi muito bem detalhado. Apostar no máximo de detalhamento pode angariar uma boa avaliação da banca. 

Além de quem, o quê e como, a finalidade da ação interventiva também aparece de forma clara em “Nesse contexto, poder-se-á expandir a ação transformadora da sétima arte retratada em “Na Quebrada”, criando um legado duradouro de acesso à cultura e de desenvolvimento social em território nacional.”

5. Daniel Gomes

O filme ‘’Cine Hollywood’’ narra a chegada da primeira sala de cinema na cidade de Crato, interior do Ceará. Na obra, os moradores do até então vilarejo nordestino têm suas vidas modificadas pela modernidade que, naquele contexto, se traduzia na exibição de obras cinematográficas. De maneira análoga à história fictícia, a questão da democratização do acesso ao cinema, no Brasil, ainda enfrenta problemas no que diz respeito à exclusão da parcela socialmente vulnerável da sociedade. Assim, é lícito afirmar que a postura do Estado em relação à cultura e a negligência de parte das empresas que trabalham com a ‘’sétima arte’’ contribuem para a perpetuação desse cenário negativo.

Em primeiro plano, evidencia-se, por parte do Estado, a ausência de políticas públicas suficientemente efetivas para democratizar o acesso ao cinema no país. Essa lógica é comprovada pelo papel passivo que o Ministério da Cultura exerce na administração do país. Instituído para ser um órgão que promova a aproximação de brasileiros a bens culturais, tal ministério ignora ações que poderiam, potencialmente, fomentar o contato de classes pouco privilegiadas ao mundo dos filmes, como a distribuição de ingressos em instituições públicas de ensino básico e passeios escolares a salas de cinema. Desse modo, o Governo atua como agente perpetuador do processo de exclusão da população mais pobre a esse tipo de entretenimento. Logo, é substancial a mudança desse quadro.

Outrossim, é imperativo pontuar que a negligência de empresas do setor – como produtoras, distribuidoras de filmes e cinemas – também colabora para a dificuldade em democratizar o acesso ao cinema no Brasil. Isso decorre, principalmente, da postura capitalista de grande parte do empresariado desse segmento, que prioriza os ganhos financeiros em detrimento do impacto cultural que o cinema pode exercer sobre uma comunidade. Nesse sentido, há, de fato, uma visão elitista advinda dos donos de salas de exibição, que muitas vezes precificam ingressos com valores acima do que classes populares podem pagar. Consequentemente, a população de baixa renda fica impedida de frequentar esses espaços.

É necessário, portanto, que medidas sejam tomadas para facilitar o acesso democrático ao cinema no país. Posto isso, o Ministério da Cultura deve, por meio de um amplo debate entre Estado, sociedade civil, Agência Nacional de Cinema (ANCINE) e profissionais da área, lançar um Plano Nacional de Democratização ao Cinema no Brasil, a fim de fazer com que o maior número possível de brasileiros possa desfrutar do universo dos filmes. Tal plano deverá focar, principalmente, em destinar certo percentual de ingressos para pessoas de baixa renda e estudantes de escolas públicas. Ademais, o Governo Federal deve também, mediante oferecimento de incentivos fiscais, incentivar os cinemas a reduzirem o custo de seus ingressos. Dessa maneira, a situação vivenciada em ‘’Cine Hollywood’’ poderá ser visualizada na realidade de mais brasileiros.

Gabriel Lopes, Fortaleza

Veja comentários sobre esse texto:

Bom uso dos recursos linguísticos para o encadeamento de sequência lógica: O Daniel Gomes de Fortaleza utilizou muito bem os recursos linguísticos para dar um encadeamento lógico entre parágrafos e períodos.

Perceba que os pronomes de retomada, assim como recursos de referência como De maneira análoga à história fictícia”, “Dessa maneira”, foram empregados de forma adequada, dando mais fluidez ao texto. Além do bom emprego, é importante notar a diversidade dos conectivos, inclusive introdutórios em cada parágrafo. 

Conectivos introdutórios no começo dos parágrafos: Recursos da Gramática Normativa como conjunções quando empregados no começo de cada parágrafo também é um importante atributo para a competência IV, pois o texto se desenvolve de maneira mais clara, não deixando de se conectar com o parágrafo anterior. 

Chegou a hora de praticar!

Depois ver esses exemplos de Redação nota 1000, agora é sua vez de praticar!

Defender o ponto de vista com precisão e utilizar bons recursos linguísticos é a chave para um bom engajamento na redação. Além disso, como se pode perceber, o maior destaque foi para os aspectos que envolvem boas referências culturais e interdisciplinares.

Por isso, veja alguns links abaixo que podem te ajudar na construção dos textos:

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Formada em Letras pela UFMG, se especializou em tipologia textual e lecionou durante 6 anos nos grandes cursinhos de Belo Horizonte. Criativa e sempre atuante na área, segue criando conteúdo de qualidade sobre o ENEM e outros vestibulares regionais.

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